Foto: Gilberto Leite/RD News |
O governador Pedro Taques (PSDB) acusa que uma das denúncias de
grampeamento ilegal de telefones envolvendo pessoas do governo estadual
foi fraudada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque. Além disso, diz que
nunca solicitou a nenhum órgão a realização de escutas telefônicas
ilegais. “Se foi dito que eu sabia disso, a pessoa que disse vai ter que
provar”, afirmou em coletiva na tarde desta sexta (12) se dirigindo ao
procurador.
O caso de escutas telefônicas clandestinas
envolvendo pessoas ligadas à equipe do governo estadual está sendo
investigado pela Procuradoria Geral de Justiça e veio a público na noite
de ontem (11). O caso, inclusive, será tema de reportagem neste domingo
(14), no Fantástico, programa da TV Globo. O intuito da “arapongagem”
seria obter informações privilegiadas, principalmente, de adversários
políticos.
Taques taxou de lamentáveis os fatos e disse que já está tomando
medidas para investigar a situação. O secretário estadual de Segurança
Pública (Sesp), Roger Jarbas, afirmou que será instaurado dentro da
Polícia Civil um procedimento investigatório para apurar se os grampos
realmente aconteceram.
O chefe do Executivo explica que foi informado Zaque, em 2015,
período em que comandava a Sesp, sobre a existência de uma denúncia
anônima que dava conta de que havia uma central de escutas telefônicas
no Estado. Após isso, ele disse que pediu para Zaque colocar a questão
“no papel”. Essa primeira denúncia foi protocolada junto ao chefe de
gabinete de Governo à época, José Arlindo.
Por questão de competência, Taques afirma que a questão foi
encaminhada para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) para investigação. A denúncia, porém, foi arquivada
pelo órgão algum tempo depois.
O tucano disse que somente nesse mês ficou sabendo - ao ser abordado
por um repórter da Globo - da existência de um segundo documento que foi
formalizado no Protocolo Geral do Governo do Estado que também
dissertava sobre uma denúncia de grampo ilegal. “Eu nunca tive a ciência
desse segundo ofício”, se defendeu Taques, cercado pela maior parte do
secretariado.
A equipe do governador foi pesquisar a numeração desse documento e,
de acordo com Taques, esse número resulta em um processo que está na
secretaria estadual de Infraestrutura (Sinfra) e se trata de um pedido
de pavimentação feito pela Câmara Municipal de Juara.
Por causa dessa situação, o chefe do Executivo Estadual afirma que
representará Mauro Zaque na Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), no
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e a Procuradoria Geral
da República (PRG).
Ele ainda disse que a exoneração do primo Paulo Taques da Casa Civil
teve como objetivo fazer o primo atuar nesse caso. “Paulo foi exonerado
para fazer a defesa do único patrimônio que eu tenho que é a minha
honra”, afirma.
Motivação
Apesar de não comentar a possivel motivação de Zaque para a suposta
fraude sobre a existência de grampos ilegais, Taques apontou alguns
fatos que poderiam ter levado o ex-titular da Sesp a denunciá-lo. Além
disso, viu tentativa de chantagem por parte do promotor.
Um deles teria sido a recusa em exonerar o ex-comandante da PM,
coronel Zaqueu Barbosa, em dezembro de 2015. Contrariado, o próprio
Zaque deixou o cargo.
Outro possivel motivo teria sido o pedido de Zaque para nomear José
Antônio Borges como procurador geral de Justiça. Neste caso, Taques
negou o pedido e nomeou Mauro Curvo por ter sido o mais votado da lista
tríplice encaminhada pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Além disso, Taques se negou a atribuir a denúncia ao sentimento de
vingança. "Não cabe ao governador comentar questões subjetivas. Analisar
se é vingança cabe ao psiquiatra ou psicólogo", concluiu.
Repercussão
A partir da denúncia de grampo ilegal, a OAB Seccional Mato Grosso cobrou a imediata apuração do grampo ilegal e a demissão dos envolvidos. O Gaeco,
por sua vez, afirma que o inquérito arquivado sobre escutas
clandestinas não guarda relação com os fatos que teriam ocorrido na
Comarca de Cáceres.
Carlos Pameiras e Jacques Gosch/ RD News
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